O maior prêmio é o desafio
01/12/2018
Em maio deste ano, Pedro Mingorance Russo, aluno do 6º ano do Colégio Vital Brazil, tornou-se medalhista olímpico. Foi sua segunda participação na Olimpíada Canguru de Matemática, competição anual em que estudantes do mundo inteiro põem à prova seu conhecimento matemático e capacidade de raciocínio lógico. Todo ano, vários alunos do Vital participam, e, após tentar em 2017 sem sucesso, neste ano Pedro esteve entre os 28 que obtiveram medalhas de bronze (houve ainda 9 ouros, 11 pratas e 30 menções honrosas).
Aluna do 9º ano, Isabela Carvalho Diniz também conquistou bronze na Canguru, além de medalha de ouro por sua participação na OBA (Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica), em setembro. Já Matheus Franco Siqueira, da 2ª série do Médio, não apenas conseguiu ouro na Canguru como ouro na OQSP (Olimpíada de Química do Estado de São Paulo) e prata na OPM (Olimpíada Paulista de Matemática) deste ano.
Pedro, Isabela e Matheus se empenharam por suas medalhas. Além das aulas regulares, os três participaram de cursos extracurriculares que o Vital oferece como preparação para olimpíadas acadêmicas, dedicando horas e horas de estudo. Quem os ouve falar, porém, sente que as medalhas não foram o fim em si nem mesmo o principal de seus objetivos.
“Ganhar medalhas é bem bom, mas, principalmente, o legal de participar dos grupos de preparação é aprender coisas novas; você sentir que conseguiu resolver uma questão superdifícil”, diz Isabela. Pedro mostra o mesmo entusiasmo: “É muito legal quando a professora explica coisas que eu só vou ver depois na aula [regular], coisas que eu ainda não vi. O grupo me ajuda a evoluir”, diz o aluno do 6º ano. Matheus aponta outros pontos importantes de competir em olimpíadas acadêmicas – como a preparação para o Ensino Superior e para o mercado de trabalho –, mas também demonstra o mesmo simples prazer dos colegas mais novos: “Se me chamam de nerd, não ligo. Gosto. É muito legal todo mundo fazendo exercícios e comparando formas de resolver”.
O fato é que participar de olimpíadas acadêmicas e se preparar para elas é para quem gosta de aprender. Ocorre que, entre os alunos do Vital, essa é a regra.
Cultura de valorização do saber
Para ajudar jovens como Pedro, Isabela e Matheus, a partir do 6º ano, o Vital oferece módulos extracurriculares de preparação para competições diversas, em especial nas áreas de Matemática, Física e Química (a depender de demandas eventuais, outros cursos são oferecidos a alunos mais novos e em outras disciplinas).
São cursos voluntários, que consistem em aprofundamento do conteúdo das aulas regulares, apresentação de conteúdos novos, leituras recomendadas, análises de provas de anos anteriores e exercícios. Muitos exercícios: para o aluno resolver e para discutir formas diferentes de resolver; para treinar responder de cabeça; para aprender a interpretar o enunciado das questões; para saber identificar aquelas respostas erradas que parecem corretas e estão lá de propósito.
Embora a participação do aluno nesses módulos dependa de processos seletivos ou de suas notas, o interesse também conta ponto. Para o professor de Química Paulo Guilherme Campos, que dá o módulo preparatório da OBQJr (Olimpíada Brasileira de Química Júnior), no 9º ano, “às vezes, é até melhor o aluno mais motivado do que o que só tirou nota boa na prova”. “É mais importante para mim a garra, o empenho em ler o artigo que indiquei e fazer o exercício extra que eu passei”, diz o professor, que considera a promoção da autonomia do aluno um dos maiores benefícios das olimpíadas acadêmicas.
“Esses alunos anseiam por problemas mais desafiadores”, diz a professora de Matemática Ana Luiza Ozores, que prepara alunos do Fundamental II para olimpíadas de Matemática. “O bom aluno, se começa a tirar 10 nas provas comuns a todos, deixa de ser desafiado, não tem mais para onde crescer. O módulo nos permite levantar a régua para ele crescer mais e se tornar brilhante”.
Mas não é apenas o aluno “brilhante” que ganha com sua participação em olimpíadas acadêmicas. Segundo Roberto Leal, coordenador do Fundamental II, “a atmosfera entre os alunos muda quando ficam sabendo que um colega conquistou medalhas em importantes olimpíadas”. Para ele, o evento em si promove, entre todos, uma cultura de valorização do saber, o “entendimento de que é possível, também, avançar na aprendizagem, com esforço e dedicação”.
Responsável por treinar alunos de 8º e 9º anos para olimpíadas de Física, o professor Osvaldo Venezuela diz que esses eventos servem também para aproximá-los do ambiente universitário. Diferenciais no processo seletivo de várias instituições estrangeiras, medalhas acadêmicas começam a ser mais valorizadas no Brasil – a Unicamp, por exemplo, anunciou reserva de vagas para medalhistas, em alguns cursos, no vestibular 2019. “Além disso, é muito interessante para o aluno visitar as universidades [onde acontecem as fases finais de algumas olimpíadas], conhecer cientistas e se encantar com o ambiente”, diz Osvaldo. A propósito, medalhistas nacionais de Química são convidados para cursos de férias no próprio Instituto de Química da USP.
Em certo sentido, até o mercado de trabalho fica mais próximo, já que o patrocínio das olimpíadas costuma vir de multinacionais, de olho em futuros talentos. “A gente ouvia dos patrocinadores: ‘Queremos vocês trabalhando em nossa empresa’”, lembra o aluno Matheus Siqueira, que prestará vestibular para o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) no ano que vem, para seguir carreira em Engenharia Aeroespacial. Entusiasmo, garra e talento para isso ele já tem. As medalhas estão aí para provar.