Estamos preparados

11/12/2019

Diretora do Vital explica a diferença entre conflitos de alunos e o bullying e como proceder em cada caso.

Como se pode prevenir o bullying entre alunos?
Sempre tivemos um trabalho focado na educação moral dos alunos, visando à promoção de uma cultura de paz e respeito às diferenças. Contamos com a assessoria especializada do Gepem (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral), que nos traz as pesquisas acadêmicas mais recentes e o entendimento mais atual sobre o assunto. Isso é um forte fator preventivo de casos de bullying. Dito isso, nenhuma escola pode garantir que o bullying nunca ocorrerá. O que garantimos é que, se ocorrer, estamos preparados para tratar o caso com rigor e cuidado.

Que providências são tomadas?
O bullying é, ao menos no início, uma questão educacional. A própria “lei antibullying” [Lei no 13.185, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática] recomenda textualmente “evitar, tanto quanto possível, a punição dos agressores, privilegiando mecanismos e instrumentos alternativos que promovam a efetiva responsabilização e a mudança de comportamento hostil”. Somos uma escola, e o bullying mostra que o aluno ainda precisa aprender a conviver em sociedade e a respeitar o outro. Temos tanto o dever de educá-lo quanto o de proteger a vítima. Então, aplicaremos as sanções regimentais cabíveis sempre que necessário; mas a principal atitude, depois de neutralizada a situação inicial, é orientação e diálogo.

O que distingue o bullying de uma discussão normal entre colegas?
Bullying é uma prática intencional, repetitiva, numa relação de desequilíbrio entre as partes, cuja motivação é causar dor e angústia à vítima. Não é uma desavença por um brinquedo ou por diferenças de opinião. Além disso, em casos de bullying, sempre existem três papéis envolvidos: o de autor, o de alvo e o de espectador. O bullying requer plateia, a intenção é expor. Esse tipo de agressão envolve a comunidade, e, por isso, a solução também passa por educar a comunidade.

E como prevenir esse tipo de conflito mais corriqueiro?
Isto é o interessante: não se previne. Bullying pode causar sofrimento e danos sérios; cyberbullying é ainda mais nocivo, porque vai além dos muros da escola. Já conflitos normais entre crianças são outra coisa; são oportunidades de aprendizado. Devemos usá-los como ferramenta para a construção do entendimento do aluno, de como conciliar interesses de maneira pacífica. Conflitos ocorrem na escola e fora dela, na infância e na vida adulta. Saber lidar com eles é necessário. Nesse sentido, privar o jovem de viver essas experiências e de tentar resolvê-las – enquanto ele ainda conta com a supervisão de educadores profissionais – é privá-lo de um aprendizado fundamental. Bullying se combate; conflitos são mediados.