Desfazendo mitos
01/10/2018
Luana Ramirez já passou por isso. Aluna do 6º ano C, há um ano ela sentia a mesma apreensão que muitos alunos de 5º ano sentem às vésperas do Fundamental II, em relação à complexidade dos conteúdos e ao nível de exigência de seus futuros professores. Não ajudava que, de vez em quando, alguns alunos mais velhos comentassem como seria bravo este ou aquele professor da nova fase. Hoje, porém, Luana apenas sorri da lembrança. E, para qualquer um que tenha o mesmo receio que ela já teve, a jovem sabe o que dizer. “Eu diria para ele ficar calmo; os professores não são como ele pensa. Eles ajudam bastante você a se adaptar, organizar horários, estudar”, diz Luana.
Aluno do 6º ano D, Mateus Costa é outro que já viveu – e superou – a ansiedade do Fundamental II. Assim como Luana, Mateus garante que se adaptar ao 6º ano é mais simples do que parece. “Você tem que ter um pouco mais de autonomia, mas não é muuuito mais assim, não é tão diferente quanto falam. Se estudar um pouco todo dia, você acaba se acostumando”.
A tranquilidade de Luana e de Mateus é, em parte, fruto de ações que o Vital promove para tornar a transição entre as duas etapas do Ensino Fundamental uma experiência sem sobressaltos. Ações como a palestra do coordenador do Fundamental II ao 5º ano, na qual ele responde às dúvidas dos alunos e se compromete a dar todo o apoio necessário. Ou como algumas aulas que o 5º ano recebe de professores do Fundamental II e Ensino Médio, para que sintam a diferença de dinâmica de uma aula com um professor especialista. “Neste ano, eles já tiveram aula de Astronomia com o [professor de Física] Marcelo Barão e sobre fósseis com a paleontóloga convidada
Carla Abranches”, diz Rosângela Ferneda, coordenadora assistente do Fundamental II. “É uma forma de acostumá-los a ouvir profissionais de formação científica aprofundada e vocabulário mais técnico”. Isso sem contar as diversas mudanças graduais no material e na rotina escolar que acontecem desde o 4º ano.
Mas Luana e Mateus estão tranquilos também por mérito próprio. Afinal, se, por um lado, não há nenhum “bicho-papão” no Fundamental II, por outro, não há nenhum grande segredo para lidar com os novos desafios, dependendo de cada aluno apenas um pouco mais de concentração na aula, um pouco mais de organização nos estudos, um pouco mais de autonomia.
Em cada desafio, a solução
Embora a “braveza” dos professores do Fundamental II logo se revele um mito, o maior número deles traz efeitos reais para os alunos. As disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia, antes ministradas por uma só professora, agora têm cada uma o seu profissional responsável. E isso, segundo Júlia Figueiredo, do 6º A, traz mais deveres para a turma: “Quando a professora era a mesma, se ela já tinha passado lição de História, ela passava uma lição menor de Matemática; com professores diferentes, acabamos tendo mais lições”, diz a aluna.
Mais lições, por sua vez, significam menos tempo para estudar para provas – ou, para ser mais exato, a necessidade de melhor administração do tempo, como explica Ana Luiza Cavagioni, colega de Mateus Costa no 6º D. “Antes, a professora não dava lição quando tinha prova, para a gente poder estudar. Agora, temos lição junto com a prova”, diz a aluna, que teve de largar o hábito de estudar um dia antes dos exames. “Umas três semanas antes eu começo”. (Já Mateus nota que lições e estudos não são excludentes: “Fazer a lição de casa já é uma ajuda no estudo”, diz o aluno).
Fato é que alunos do 6º ano percebem que estudar todo dia e entregar lições no prazo exige maior rigor no uso da agenda e no estabelecimento de uma rotina – mas logo descobrem que não é tão complicado assim. Até porque o Vital os ajuda nisso. Desde o 5º ano do Fundamental, os professores e, quando necessário, a Coordenação ajuda cada aluno a elaborar um cronograma semanal de estudos, conciliando com suas atividades pessoais.
Quanto à entrega de lições e trabalhos, no terceiro trimestre do 5º ano, os alunos aprendem a acessar o sistema VitalNet, no qual ficam registrados todos os compromissos de cada turma, para que não percam nenhum prazo (até então, o sistema é mais utilizado pelos pais). “Eu sempre verifico no VitalNet; mesmo que eu esqueça de anotar na agenda, [a lição] está lá”, diz Ana Luiza.
O que anotar ou não na aula, aliás, é outra questão que marca os alunos do 6º ano. “A professora avisa quando a gente tem que copiar uma coisa da lousa”, diz Júlia Figueiredo. “Mas, às vezes, tem coisa que ela fala e não escreve, mas que é importante. É a gente que tem que tomar a iniciativa de anotar no caderno”. Luana Ramirez também relata uma diferença sentida no uso do caderno: “As professoras escrevem mais [na lousa] do que no ano passado, e eu tinha medo de não dar tempo de copiar tudo e ficar sem a matéria. No começo, era um pouco difícil, meio na pressa… Mas agora eu anoto tudo e, em casa, passo a limpo”. O que, no fundo, é uma estratégia de revisão de conteúdos.
E aí é que está uma das chaves da adaptação ao Fundamental II: perceber que cada desafio traz em si sua própria solução. É perceptível por todos os alunos, por exemplo, como o professor de 6o ano passa a esperar deles mais maturidade, sem lhes pedir. Ele pede menos à turma que não converse na aula e preste atenção – às vezes, um olhar basta. Mas os alunos também sabem que, se não fizerem isso, haverá prejuízos. “Hoje, em um dia só você recebe muito mais conteúdo do que antes”, diz Ana Luiza. “Tanto que faltar um ou dois dias faz muita diferença”. É, portanto, sem grande dor que os alunos passam a agir na transição do 5º para o 6º ano com maior responsabilidade em sua rotina de estudantes: porque eles mesmos sentem necessidade disso, e porque não é difícil. Como diria Mateus Costa, existe, sim, uma espécie de salto entre o 5º e o 6º ano – mas não é assim um saaalto.