Entre robôs e foguetes

26/10/2018

Elas são irmãs, assemelham-se fisicamente, cursaram o Ensino Médio no Vital Brazil e hoje são alunas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Entraram na faculdade no mesmo ano e ambas integram dois badalados grupos de extensão da Poli. Nesse ponto, terminam as semelhanças entre as irmãs Figueiredo: Shérida, 20 anos, aluna de Engenharia de Minas, é do mundo dos robôs; Shairah, 19 anos, do curso de Engenharia Civil, vive às voltas com foguetes.

Para quem acaba de chegar à universidade, grupos de extensão são uma boa alternativa para socializar com estudantes além da própria turma. Mas não é só. Dedicados geralmente a um tema e sob a supervisão de um professor, esses grupos acabam funcionando como um curso dentro do curso, dando ao aluno a chance de experimentar na prática aquilo que aprende em sala de aula, de ampliar seu repertório de conhecimentos, além da oportunidade de exercitar habilidades que lhe serão úteis no mercado de trabalho, como espírito de grupo, trabalho compartilhado e liderança.

Shairah sempre gostou de Astronomia. Antes de passar no vestibular, a jovem já havia assistido a diversas palestras do astronauta Marcos Pontes – até hoje o único brasileiro a participar de uma missão espacial – e, no Vital, ano após ano, era presença cativa nas aulas de Astronomia do professor de Física Marcelo Barão. Natural, portanto, que, uma vez aprovada na Poli, sua atenção fosse capturada pelo Projeto Júpiter. Formado por 73 alunos da USP, o grupo se dedica a construir e a lançar foguetes experimentais, participando de competições do gênero no Brasil e no exterior.

Os artefatos construídos pelo Projeto Júpiter são modelos em escala de foguetes que levam satélites e astronautas ao espaço. E seu desenvolvimento segue uma divisão de trabalho bem parecida com a dos primos da Nasa: há o grupo que cuida da propulsão, outro dedicado à aerodinâmica, outro da recuperação e outro dos sistemas eletrônicos. Shairah é do primeiro time. “Não fazemos motores, porque o impulso do foguete se dá pela queima de combustível. O que definimos é a mistura que compõe o combustível”, explica.

Já Shérida faz parte dos ThundeRatz, equipe de robótica da Poli. A opção pelos robôs foi uma maneira de seguir próxima à Mecatrônica, sua primeira opção ao prestar o vestibular. Os ThundeRatz existem desde 2005 e têm no currículo dezenas de projetos e títulos em competições aqui e lá fora. Atualmente, mantêm cerca de 20 robôs em atividade e chegam a participar de um torneio por mês. O Boladinho, por exemplo, projeto de humanoide, foi campeão no ano passado, no Japão, na categoria Kung-Fu Peso Leve. “Quem vê de fora pode achar que é brincadeira, mas tem muito conhecimento acumulado nesses projetos”, diz Shérida.